No dia 16 de abril de 2010 , saiu da escola Toninho Marques alunos do 3º ano do ensino médio, meninos do batuque e alunos de turmas diferenciadas: éramos 39 alunos, professoras: de matemática , de física , de geografia e educação física, contato no Quilombo, ainda encontrava-se no ônibus alunos (pessoas Surdas) e a professora da sala de recursos da Escola Estadual Guanabara, de Volta Redonda. Depois de muita demora o passeio seguiu e o que pensava aqueles alunos? O que iriam encontrar? . Muitos durante planejamento e a preparação para nossa chegada questionava-me: Lá tem chicote? Ainda tem escravo? Tem tronco? Muitos até brincavam e diziam ao amigo que é negro: você irá ficar lá heimm! Exclamavam! Há! esqueci de dizer que os alunos da escola Rio grande do Norte, com a Diretora Adjunta e animadora cultural estavam presente e que presença!. Levaram máquina fotográfica, bolas, uniforme de jogo de futebol, levaram até chuteira! Nossa foi muito bom! Já na praça no centro da cidade de Quatis em frente a Secretária Municipal, me cobraram: professora tem trave lá? Eu disse: espere até chegar para ver. Foi lindo a cara de decepcionados e isso foi o bastante para entender o quanto nós precisamos trazer para o concreto o que ensinamos na escola, estamos mesmo trabalhando diferença? O aluno jamais poderia pensar que num quilombo não teria um campão! Mas logo foram olhando a riqueza do lugar e de pessoas que lá encontrávamos, eram três culturas diferentes: Quilombolas “ os donos da casa”, os ouvintes, (visitantes) e que lindo! Libras pura , na sua essência e os Surdos! Esses tomaram conta do pedaço, quem disse que não tem inclusão e que os surdos são excluídos eles foram os donos da festa o Aluno “Luiz Henrique” surdo incluído da Escola Guanabara, lindamente deu uma aula sobre a história dos surdos com desenhos feitos pela professora Claudia Regina. O aluno foi mestre na arte didática de ensinar e todos pararam para ouví-lo ou como preferirem, olharem , eu professora Clarete Braz do Patrocínio e professora Claudia Regina poderíamos fazer parte desta arte de ensinar, mas preferimos dar o direito de provocarmos cientificamente essa experiência para constarmos a maravilha da inclusão, foi maravilhoso as crianças e as professoras de Quatis mais precisamente as maravilhosas e “Guerreiras” da escola de Santana pararam para aprender com o Luiz Henrique. Surdo, utilizou a sua Linguagem para passar seu recado e todos aprenderam com as figuras entrelaçadas pela LIBRAS pura, sem o instrumento: o “interprete” para os ouvintes, foi showww muito showww, duas brincadeiras surdas tomaram conta das crianças do quilombo misturadas com os alunos do Ciep Toninho marques e da escola Rio grande do Norte , os Meninos do Batuque nem se falam agora com uma banda independente, deram um showwwwwww tocaram pagode, “funk”, samba de roda, axé. As meninas do Quilombo saiam assim bem devagar e com muita destreza dançavam escondidas atrás daquela cozinha que ali se fazia o almoço, as cozinheira que quero chamar de parceiras da educação, foram rápidas para cozinha e fizerem aquele feijão mulatinho com lingüiça, arroz, farofa e salada, e a nossa a garotada comeu a vontade. Estávamos ali! Diferentes? Nunca! Todos iguais, parecia uma família, os alunos do Rio Grande do Norte ficaram um pouco triste no inicio, são danados por futebol, mas depois ficaram tão em casa que entenderam realmente o que é um Quilombo hoje, e aí foi só relaxar e sambar com os meninos do batuque, brincar com os surdos, até jogaram bolinha de gude! Aquele lugar ficou aconchegante. Há! Não posso deixar de mencionar o aluno Rondelon do Ciep Toninho Marques foi um mestre na arte de cortar cabelo ou melhor dizendo fazer desenhos incríveis na cabeça dos meninos do Quilombo.
A volta foi maravilhosa, apesar deles ficaram reclamando que tinha que descer uns bons kms a pé pela trilha que posso chamar do ouro, porque é onde as professoras e as crianças passam para estudar, quando a Kombi não passa lá, e lá fomos nós: caminhamos, cantamos, brincamos e deixamos para trás, para trás não! eles receberam o convite pra estarmos juntos nas nossas escolas: é o inicio de um intercâmbio para trocarmos saberes, informações e renascer dentro de todos nós, um futuro de esperança, igualdade e respeito, de uma “Educação Para Todos”. Todos somos iguais perante a Lei....
A Kombi foi buscar as professoras e os instrumentos, mas foi tão rico a nossa descida pela trilha do ouro (caminho pra chegar ao Quilombo a pé) e lá estava o ônibus, à espera e nosso motorista, o Jà Jà é showww sempre brincando e entrando na onda das brincadeiras, “muito marrento esse cara” até soltou alguns sinais em libras o Bilingüismo fazia parte deste processo.
Paramos na biquinha, tomamos água e partimos para Volta Redonda , então posso dizer DIFERENÇAS! só nas culturas. Obrigada Secretária de Educação de Quatis por proporcionarmos um momento em que todos ali presente e os ausente poderá, constatar o aprendizado escolar e social. Com certeza teremos daqui em diante um olhar totalmente diferenciado da teoria, por estarmos predispostos a essa mudança “A IGUALDADE”. Obrigado Prefeito José Laerte de Elias por acreditar que a cidadania existe, obrigada as Diretoras: Sandra Neves, Angela, Regina Dornas e Filomena, das Escolas Estaduais de Volta Redonda por proporcionar esse momento tão importante na vida desses alunos.
Aos alunos parabéns, só se faz um mundo melhor fazendo, realizando, estando e incluindo-se. “Ninguém inclui ninguém, você torna-se incluído” Clarete/2010.
Escreveu essa notícia: Clarete Braz Patrocínio
